– Alô?
– É o Chapaulinho Encalacrado, jornalista investigativo pau pra toda obra?
– Ele mesmo. Como descobriu meu Chap-Fone?
– Isso não importa agora. Então, eu li no seu blog que Vwanderleiy Luxemburgo faz falcatruas no futebol, e gostaria de te passar mais algumas informações.
– E você é quem?
– Sou da “organização”. Quer dizer, eu fui expulso da “organização” e quero me vingar deles. Tenho muitos documentos para te dar e acabar com eles.
Neste momento, as anteninhas de vinil que captam a presença do inimigo começam a vibrar.
– Hmmmm. Ok, podemos marcar um encontro, então.
– Certo, que tal AQUI NA MINHA CASA?
– É, parece um EXCELENTE lugar!
Chapaulinho anota o endereço e voa com sua motoca envenenada para o covil dos criminosos, sem saber que está caindo em uma armadilha.
– BLIN BLON!
O malfeitor avista Chapaulinho pelo olho mágico e abre a porta.
– Chapaulinho, quanta honra!
– Sem falsas mesuras, “meu caro”. Vamos direto ao ponto. O que você tem aí para mim?
– Errrr, então, sabe como é, na verdade eu te chamei aqui porque tenho uma oferta do Wvanderleiy.
– Como assim? Você não ia me passar as informações? Tá pensando que eu sou mais um vassalo do poder corrompido?
– Calma, amigo, senta aí e toma um uisquinho pra relaxar.
– Hummm… Pensando bem, é uma boa idéia. Tem redileibou? Com energético, por favor.
O bandido pensa que está dobrando nosso herói, mal sabe ele que isso é só mais uma estratégia astuta para conseguir mais informações sobre a “organização”. Nunca contam com a astúcia de Chapaulinho!
– Então, amigo Chaps, o Luxa me pediu para entregar esse pacotinho pra você…
– Pacotinho? O que tem nesse pacotinho?
– Um agradinho. Vinte e cinco mil reais. Pra selar a paz entre você e o Pofexô.
– HAHAHAHA, você não me conhece, rapaz. Eu sou incorruptível!
– Não se trata de corrupção, amigo. É que você tem escrito muita coisa a respeito do Luxa, ele só está querendo que você “desvie o foco” (piscadinha marota).
– “Desviar o foco?” EU SOU INDESVIÁVEL! Ahhh, quer saber? Eu vou embora, pensei que você ia me passar umas gravações maneiras e tal…
– VAI EMBORA, NADA (aponta uma PT 380 para a fuça de Chapaulinho)! Senta aí e pega o envelope!
– Mas, mas…
– Não tem “mas”, nem “menos”. Pega o envelope senão te mato agora!
– Mas eu não posso aceitar o dinheiro!
– VAI TER QUE ACEITAR, SIM (engatilha a arma)!
– Por favor, não se irrite! Tá bom, eu vou aceitar o dinheiro. Mas preciso espalhar pelo corpo, pra não fazer muito volume. Posso ir ao banheiro?
– AE, Chapaulinho, tá me tirando? Eu sei que você quer ir ao banheiro só pra fugir pela janela sem levar a grana! Estamos só nós dois aqui, por que não distribui a bufunfa na minha frente? Tem vergonha de ficar pelado na frente de homem?
Questionar Chapaulinho sobre questões íntimas sempre o deixa realmente nervoso:
– Olha lá, não é porque você tá com esse trabuco na mão me ameaçando que tem o direito de explorar a minha intimidade. Ou você me deixa ir ao banheiro, ou pode me matar aqui agora, porque sem isso eu não levo a grana!
– Tá, tá, tá, TÁ! Toma o pacote. Você tem cinco minutos pra sair desse banheiro, senão eu meto bala lá dentro. Entendeu?
Nosso herói entra no WC, abre o envelope e a grana está lá, bonitinha: R$ 25.000,00. Com destreza, ele separa os montinhos, ajeita sobre uma mesa (sorte que aquele banheiro tinha mesa!), saca sua Chap-Tekpix e fotografa o butim dos malfeitores. Rápido como um raio, junta as notas e as guarda no armário do banheiro.
Mas, e agora? Como sair do WC sem “preencher os bolsos”?
– RÁ, não contavam com minha astúcia! Pego um bolo de papel higiênico e finjo ser a grana! Perfeito!
Chapaulinho sai do banheiro, assobiando para disfarçar o nervosismo:
– Pronto, amigo! A bufunfa tá aqui, guardadinha (mostra o bololô de papel). Posso ir agora?
– Trato é trato, amigo Chaps. Tá liberado. Vê lá, hein?
Chapaulinho, suando, sai pela rua em desabalada carreira:
– “Ufa! Que alívio.” TÁXI, TÁXI!