História de um Pobre Brasileiro

José de Arimatéia Cançadão, mais um vaçalo

“Este espaço” recebeu o relato pungente de José de Arimatéia Cançadão, “evidentemente”, mais um vassalo aposentado do poder corrompido:

Prezado Dr. Quiñaz,

Meu nome é José de Arimatéia Cançadão, trabalho há 20 anos como homem-placa no Largo da Concórdia. O Sr. sabe, a aposentadoria do INSS nunca é suficiente para manter a família.

Meus problemas começaram quando eu trabalhava para um médico que vendia atestado de saúde. Era um bom homem: pagava pouco, mas não falhava.

Um belo dia, apareceu um rapaz1nho aqui, pilotava uma daquelas motos com baú, dizendo que era empresário do ramo de comunicações. Disse que ia montar um tal de “mídia sem média” num prédio velho em frente ao Largo e precisava de um “trabalho de marketing externo”, e que eu era o homem ideal para gerenciar o departamento. Ora, Dr., logo eu, um homem sem grande instrução, que vivo de carregar placa no ombro! Estranhei, mas continuei ouvindo o moço.

Ele era cheio de lábia, dizia conhecer meio mundo no esporte, que era jornalista com credibilidade e amigão daquele Juca Kifuro. Mostrou até uma carteirinha de uma tal de ACEESP. Eu lá, ouvindo tudo aquilo e vendo onde ele ia chegar.

Perguntou quanto eu ganhava, eu disse: “R$ 20 por dia, mais o lanche”. Ele ficou indignado, disse que era uma exploração, e que o meu trabalho valia, no mínimo, R$ 50, e me ofereceu a vaga.

O Sr. sabe, Dr. Quiñaz, a gente peca pela ganância. Aceitei na hora. E foi aí que começou o meu martírio:  no primeiro dia, além da placa, ele me deu R$ 20, dizendo que estava sem troco. Deu também um Cartão Visa Vale, que informou estar carregado com R$ 200. Quando fui passar no boteco, passei foi vergonha, porque estava zerado. Paguei o almoço com o dinheiro que ele me deu. Depois de 12 horas segurando a placa e informando o endereço do safado, levei R$ 13,50 pra casa.

No dia seguinte, nada dele aparecer no escritório, só o meu instrumento na porta. Como sou responsável, fiz o serviço. Quando ia devolver a placa, ele já tinha ido embora. E assim foi, por uma semana: comendo fiado no boteco e carregando a placa do maldito Chapaulinho Querelado.

O que posso fazer, Dr. Quiñaz? Peço a sua ajuda. Obrigado.

“Meu caro” José de Arimatéia: “este espaço” está apurando mais esta grave denúncia contra Chapaul1nho Querelado e já noticiou o MP que, por sua vez, ofereceu denúncia à Delegacia do Idoso. Seguiremos acompanhando. Aguarde contato. Aproveitando, traga seus comprovantes de aposentadoria pra ver se conseguimos melhorar seu benefício junto ao INSS.

Pobre velhinho…